quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sarney é uma vergonha para o Brasil.

“José Sarney é uma vergonha para o Brasil desde sempre. Desde antes da Nova República, quando era um político subordinado à ditadura militar e um representante mais do que típico da elite brasileira eleita pelos generais para arruinar o projeto de nação – rico e popular – que se anunciava nos anos 1960. Conservador, patrimonialista e cheio dessa falsa erudição tão típica aos escritores de quinta, José Sarney foi o último pesadelo coletivo a nós impingido pela ditadura, a mesma que ele, Sarney, vergonhosamente abandonou e renegou quando dela não podia mais se locupletar.”
Sarney algora apela para a “família” e para “sua história” como homem público. Além disso, clama aos céus que a imprensa o persegue e que “o Senado é maior do que tudo”. Dizem as “más línguas” que esse discurso é vendido pré-pronto nas bancas de jornais em Brasília e que o político precisa apenas preencher algumas lacunas para tê-lo completo e pronto para uso.
Eles sempre apelam para “tremeliques”, para problemas de saúde e para a “sua história política” porque sabem que o povo não tem memória. Afinal de contas, poucos se lembram que Sarney já foi presidente do Senado diversas vezes e que a maior parte da diretoria, execrada agora por ele, subiu ao posto em que se encontra por suas próprias mãos. Os diretores com participação central nas últimas denúncias foram nomeados por Sarney. E, mesmo que não fossem, é pueril imaginar que qualquer cidadão esclarecido se convencerá de que um reles funcionário ou chefe de setor resolveu (por sua própria conta e risco) contrariar a Constituição e um número enorme de leis para contratar pessoas e empresas (que nem estão ligadas a ele em muitos casos) através de atos secretos e ilegais. Sem que nenhuma outra autoridade do Senado ou da mesa diretora tivesse qualquer conhecimento disso.
Ao se dizer vítima da inveja por ter, entre outras coisas, “uma família bem composta, que tem prezado a sua vida para a dignidade”; Sarney conta, mais uma vez, com a falta de memória do brasileiro que nem deve se lembrar que seus filhos foram investigados e estão sendo processados por inúmeros delitos como: lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária. Além do que foi, na administração de Roseana Sarney que a SUDAM foi extinta e uma enorme quantia em dinheiro (R$ 44 milhões) sumiu do órgão e se “materializou” no cofre do genro de Sarney.O trecho “ (…) Então, vê-se agora a pessoa sendo julgada, porque uma neta minha e um neto meu…E, por isso, querem me julgar perante a opinião pública deste País? É de certo modo a gente ter uma falta de respeito pelos homens públicos que nós temos. Se temos erros? Eu não devo deixar de ter erros, mas, esses, eu acho que constituem extrema injustiça (…)”; é especialmente emblemático porque mostra a mentalidade de que o homem público está acima de tudo. Se há uma lei proibindo a contratação de parentes; violá-la é um crime e deve ser punido.
Quando se refere a fatos ocorridos na Inglaterra e na reunião que teve com membros do parlamento francês, envolvendo denúncias e privilégios dados a parlamentares, é triste assistir a um senador da envergadura de José Sarney (um ex-presidente) achar que desvios de conduta e de caráter podem ser desprezados e justificados simplesmente porque acontecem em outros países. A diferença, caro senador, é que em países mais evoluídos e com uma população mais politicamente ativa que o nosso, a punição não tarda e não falha. Políticos com ideias nada republicanas sobre seus mandatos e o dinheiro público, normalmente, costumam ser banidos da vida política ou mesmo presos dependendo da gravidade de seus atos. Por lá não existem recursos protelatórios infindáveis e, muito menos, juízes e promotores que tenham medo de processar autoridades ou que chamem criminosos de “vossas excelências”. E é justamente isso que nos falta.
Como cidadão e como brasileiro preocupado com os rumos do meu país; encarei o discurso do senador Jose Sarney como algo constrangedor e uma verdadeira ode a nulidade ética e ao coronelismo ultrapassado.
Uma única palavra seria suficiente para resumir todo discurso de Sarney: vergonha.

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